Planeta vizinho à Terra estaria diminuindo; novo estudo aponta detalhes sobre o fenômeno

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Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar, continua a passar por um processo de encolhimento que se estende por bilhões de anos. Embora essa questão não seja nova para a comunidade científica, descobertas recentes oferecem novas informações sobre esse fenômeno.

Uma pesquisa recente, liderada pelos acadêmicos Stephan Loveless e Christian Klimczak da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, trouxe novas evidências sobre o encolhimento de Mercúrio. Os resultados foram divulgados em um artigo científico na revista

AGU Advances no dia 9 de agosto.

Em artigo publicado em 2023 na plataforma The Conversation, David Rothery, professor de geociências planetárias da The Open University no Reino Unido, sugere que esse fenômeno está intimamente relacionado ao resfriamento interno do planeta. Com a dissipação do calor interno, rochas e metais sofrem uma contração volumétrica.

De acordo com informações do portal Galileu, esse resfriamento resulta em uma crosta que tem cada vez menos área para cobrir, levando à formação de falhas geológicas conhecidas como "falhas de empurrão", onde um bloco de rocha é deslocado sobre outro. Esse processo dá origem a escarpas imensas que se estendem por centenas de quilômetros e atingem altitudes consideráveis.

O pesquisador traça um paralelo entre o encolhimento de Mercúrio e as rugas que surgem em uma maçã envelhecida. A diferença fundamental reside no fato de que a fruta encolhe devido à desidratação, enquanto Mercúrio se contrai porque seu núcleo e manto estão progressivamente se comprimindo em decorrência da perda de calor.

Primeira evidência

A primeira evidência do encolhimento de Mercúrio foi obtida em 1974 pela missão Mariner 10 da NASA, cujas imagens revelaram escarpas gigantescas na superfície do planeta. Anos depois, a missão Messenger, que orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015, confirmou que essas estruturas estavam amplamente distribuídas pelo planeta.

A partir dessas observações, estimou-se que Mercúrio diminuiu seu raio em cerca de 7 km desde sua formação. Embora esse valor possa parecer modesto no contexto planetário, representa uma significativa contração global com capacidade para remodelar toda a superfície do corpo celeste.

No novo estudo conduzido por Loveless e Klimczak, os pesquisadores buscaram aprimorar essa estimativa. Em entrevista ao portal IFLScience, eles apresentaram um método alternativo para análise das falhas. Em vez de examinar cada falha individualmente, a equipe utilizou a maior falha conhecida como referência estatística e extrapolou os resultados para o total de mais de seis mil falhas catalogadas até agora.

"Vários estudos utilizam a topografia elevada que recobre essas falhas para estimar a quantidade de contração de Mercúrio. No entanto, esses estudos divergem entre si devido ao número de acidentes geográficos que cada estudo atribui à contração global", comentaram os autores. "Aqui, usamos uma abordagem alternativa para calcular a mudança no volume causada por uma população de falhas, escalonando estatisticamente a mudança da maior falha para toda a população de falhas."

Maior precisão

Como resultado dessa metodologia inovadora, foi obtida uma faixa mais precisa de contração no raio do planeta, variando entre 2,7 km e 5,6 km. Essa nova estimativa é mais restrita e consistente em comparação com análises anteriores que apresentavam variações entre 1 km e 7 km. Segundo os pesquisadores, essa contração ocorreu ao longo dos 4,5 bilhões de anos da existência do planeta em decorrência do resfriamento gradual do seu interior.

Esses resultados alinham-se bem com modelos existentes sobre evolução térmica e podem contribuir significativamente para futuras modelagens da evolução térmica não apenas de Mercúrio, mas também de outros corpos celestes no Sistema Solar.

Tanto Mercúrio quanto a Lua enfrentam processos semelhantes de resfriamento e encolhimento. Embora as escarpas lunares sejam menores em comparação às mercurianas, sismômetros das missões Apollo registraram 'terremotos lunares" próximos a essas falhas geológicas. Imagens modernas também capturaram marcas deixadas por rochas que deslizaram após eventos sísmicos recentes.

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